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Detalhe do frontispício do livro Cultura e Opulência do Brasil, de 1711, em que Padre Antonil narra a corrida desordenada de aventureiros para as Minas Gerais. Domínio público, Biblioteca Nacional Digital

As notícias logo se espalharam, alcançando Lisboa. Portugal vibrou frente às possibilidades de aliviar, pelo menos momentaneamente, sua crise financeira e econômica. Novos interesses e atenções passaram a ser dispensados à colônia americana: com o ânimo voltado para o ouro, uma multidão lançava-se à procura de ribeirões auríferos nos sertões.

Nos primeiros anos do século XVIII, o padre jesuíta Antonil, informado sobre os acontecimentos naqueles sertões longínquos, observou: "A cada ano vêm nas frotas quantidades de portugueses e de estrangeiros, para passarem às minas. Das cidades, vilas, recôncavos e sertões do Brasil vão brancos, pardos e pretos, e muitos índios, de que os paulistas se servem. A mistura é de toda condição de pessoas: homens e mulheres, moços e velhos, pobres e ricos, nobres e plebeus, seculares e clérigos, e religiosos de diversos institutos, muitos dos quais não têm no Brasil convento nem casa".

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Entrada para as Minas. Óleo sobre tela (130 x 86 cm) de Oscar Pereira da Silva, 1920-21. Uso amparado pela Lei 9610/98, Museu Paulista

O ouro encontrado era, em grande parte, de aluvião. Depositado nos cursos e margens dos rios, riachos e em terrenos superficiais, não exigia técnicas especiais, grandes investimentos nem pessoal especializado para sua extração.

Por conta disso, e também pela cobiça que a descoberta das minas de metais preciosos despertava no espírito daqueles homens, houve uma corrida desordenada para os locais das descobertas, que ficaria conhecido como "Minas Gerais", por reunir diferentes jazidas.

Dizia-se, então, que nas Minas não havia justiça nem governo, apenas "montanhas de ouro".