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A movimentação dos rebeldes em maio de 1842, na cidade de Sorocaba, onde a revolta começou. Óleo sobre tela de Ettore Marangoni. Domínio público

A dissolução da Câmara dos Deputados pelo Poder Moderador, em 1842, marcou o auge do descontentamento dos liberais, desiludidos pelo afastamento do poder. Inconformados com as medidas, julgadas inconstitucionais e reacionárias, os liberais se revoltaram. No Rio de Janeiro, José Martiniano de Alencar fundou a Sociedade dos Patriotas Invisíveis, uma sociedade política secreta, que ramificou-se, principalmente, pelas províncias de São Paulo e Minas Gerais, onde o Partido Liberal era bastante expressivo.

Nessas províncias os liberais pegaram em armas, procurando preservar seus poderes locais e também protestando contra a dissolução da Câmara. Ao saber da reação em São Paulo, o governo nomeou para a presidência da Câmara José da Costa Carvalho, Marquês de Monte Alegre, em substituição ao brigadeiro Rafael Tobias de Aguiar, conhecido como "reizinho" por sua grande influência política.

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O brigadeiro Rafael Tobias de Aguiar, destituído da Câmara pelo governo imperial e proclamado presidente da província de São Paulo pelos revoltosos. Litografia de S. A. Sisson, 1861. Domínio público, Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin

O dia 17 de maio de 1842 marca o início formal do movimento em São Paulo. Em Sorocaba, Tobias de Aguiar foi proclamado presidente interino da província, com o apoio de Nicolau Vergueiro e do ex-regente Diogo Feijó. No entanto, Costa Carvalho, avisado do levante por amigos, teve tempo para colocar seus partidários nos comandos da capital, de São Roque e de Campinas. Além disso, conseguiu negociar a neutralidade da comarca de Curitiba, evitando que os rebeldes recebessem ajuda dos farrapos do Rio Grande do Sul.

A ação dos revoltosos paulistas ficou, portanto, limitada à cidade de Sorocaba e a algumas vilas vizinhas, como Itapetininga, Faxina, Itu, Porto Feliz e Capivari. Ainda assim, tentaram alcançar a capital, mas foram derrotados pelas tropas enviadas pelo governo, chefiadas pelo brigadeiro Luís Alves de Lima e Silva, Barão de Caxias, no dia 24 de maio, na ponte do Rio Pinheiros. Caxias partiu para Sorocaba, centro dos rebeldes, entrando na cidade em 21 de junho, onde deteve Feijó, o antigo regente do Império, mas deixou escapar Tobias de Aguiar, que partira em direção ao sul com a intenção de unir-se aos farrapos.

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Mapa manuscrito a nanquim e aquarela, de José Jacques da Costa Ourique, criado para orientar as forças imperiais contra os insurgentes. Domínio público, Arquivo Histórico do Exército-RJ

Apesar da prisão de Tobias de Aguiar em Vacaria, no Rio Grande do Sul, a luta em São Paulo não havia terminado. Faltava ainda reprimir as forças liberais do Vale do Paraíba. Em Silveiras, núcleo de resistência importante, ocorreu a batalha mais sangrenta da rebelião paulista. Oito soldados e cerca de 40 rebeldes foram mortos e a região, saqueada com muita violência. Dias depois, Caxias voltava ao Rio de Janeiro, de onde seguiria para sufocar a revolta em Minas Gerais.