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Somos feitos de estrelas
26 Dezembro 2016 | Por Larissa Altoé
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Mapa da radioatividade deixada pela explosão de uma supernova. Imagem feita pelo telescópio NASA NuSTAR.

Quando Lenine canta em Tubi Tupy: “Eu sou feito de resto de estrelas / Como o corvo, o carvalho e o carvão / As sementes nasceram das cinzas / De uma delas depois da explosão”, ele não está sendo apenas poético, mas estritamente científico.

Tudo que conhecemos – seres humanos, animais, minerais, o próprio planeta Terra e o Universo onde ele está contido – é formado pelos mesmos elementos químicos. E essas substâncias foram (e ainda são) produzidas e ejetadas pelas estrelas.

Lilia Irmeli Arany-Prado, professora de Astronomia da UFRJ, atualmente aposentada, explica, no livro À Luz das Estrelas, que isso acontece porque as partes mais internas desses astros funcionam como poderosos reatores de fusão nuclear. Os processos de fusão nuclear, como o nome indica, fundem núcleos de elementos, transformando-os em outros novos elementos.

A professora esclarece que as estrelas de maior massa terminam suas vidas com uma explosão chamada de supernova. Nessa explosão, é criada a imensa maioria dos elementos que formam todos os corpos encontrados no Universo, desde moléculas até estrelas e galáxias, incluindo a nós mesmos, que temos átomos formados há muito tempo e em muitas estrelas.

As supernovas são as principais responsáveis pelo enriquecimento do meio interestelar, devido ao lançamento de uma grande quantidade de elementos recém-sintetizados. Desse meio enriquecido nascem novas estrelas e, provavelmente, alguns planetas. Tudo indica que o Sol e seus planetas surgiram dessa forma, a partir de uma nuvem enriquecida de elementos mais pesados que o hidrogênio e o hélio. A “matéria-prima” da vida, portanto, se deve principalmente à síntese ocorrida no passado em várias gerações de supernovas. O Sol é considerado uma estrela de baixa massa, com uma vida prevista de 10 bilhões de anos, sendo que já se passou metade desse tempo.

Na internet, há dois textos para quem quiser se aprofundar no assunto: um da USP e outro da UFRGS.

Entrevista

Imagem feita pelo telescópio NASA Spitzer.

Alexandre Cherman, astrônomo da Fundação Planetário da Cidade do Rio de Janeiro, responde a algumas perguntas sobre o assunto:

Portal MultiRio: Considera o tema relevante para o Ensino Fundamental? Por quê?

Alexandre Cherman: Sim, considero o tema relevante. A Astronomia, de maneira geral, é uma excelente porta de entrada para o mundo científico. Crianças amam estrelas! E dentro das várias possibilidades que a Astronomia nos apresenta, falar de nossas origens, trazer para a sala de aula o conceito de que somos feitos de matéria das estrelas e de que elas, as estrelas, evoluem é uma grande oportunidade para abrir as portas da Ciência a uma nova geração.

P.M.: Como o professor pode se apropriar do assunto para ensinar conteúdos previstos no Ensino Fundamental?

A.C.: Primeiramente, o professor deve conhecer bem o assunto. Para isso, vale ser autodidata ou buscar cursos de atualização e aperfeiçoamento (o próprio Planetário já ofereceu esse tipo de curso no passado). Com o conhecimento do assunto e, principalmente, com o conhecimento da turma, o professor é o ator ideal para saber separar o que é fundamental e o que pode ser deixado de lado. Certamente, muitos detalhes podem ser suprimidos, em uma abordagem para o Ensino Fundamental, mas os conceitos básicos (estrelas evoluem, os tijolinhos da matéria são forjados dentro das estrelas) podem ser passados sem medo para a faixa etária em questão.

P.M.: O senhor tem alguma experiência em utilizar essas informações com crianças e adolescentes?

A.C.: No Planetário, atendemos diferentes faixas etárias, desde a Educação Infantil até o Ensino Superior. Nosso discurso varia apenas em sua forma, pois temos um compromisso grande com o conteúdo. Personagens, histórias fictícias e alegorias são muito bem-vindas para estimular a imaginação da criançada e permitem que um conteúdo, em princípio complexo, seja apresentado de forma simples, lúdica e divertida.

 

 
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