ACESSIBILIDADE
Acessibilidade: Aumentar Fonte
Acessibilidade: Tamanho Padrão de Fonte
Acessibilidade: Diminuir Fonte
Youtube
Instagram
Ícone do Tik Tok
Facebook
Whatsapp

Refugiados sírios querem reconstruir a vida no Rio
22 Julho 2014 | Por Sandra Machado
Compartilhar pelo Facebook Compartilhar pelo Twitter Compartilhar pelo Whatsapp

bandeira acnurDesde março de 2011, uma guerra civil na República Árabe Síria já deixou 130 mil mortos e gerou a evasão de 2 milhões de pessoas. Dada a urgência da situação, a maioria busca abrigo nos países vizinhos. Ainda assim, e apesar da distância geográfica, o Brasil também é destino de algumas dessas pessoas. Segundo dados da Caritas-RJ, que recebe e cadastra refugiados em 20 dos 26 estados brasileiros, o total de sírios que chegaram entre julho de 2012 e janeiro de 2014 foi de 104 – 73 homens e 31 mulheres. Destes, 50 homens e 17 mulheres escolheram o estado do Rio de Janeiro. O status legal depende de um processo conduzido pelo Comitê Nacional para os Refugiados (Conare), órgão ligado ao Ministério da Justiça. Enquanto aguardam, a Caritas busca viabilizar a melhor permanência possível para quem chega ao país nessa situação. Como, por exemplo, aulas de português gratuitas, que a instituição oferece duas vezes por semana.

A Cáritas-RJ e o Alto Comissariado da ONU para Refugiados (ACNUR) fazem um trabalho muito interessante. Em primeiro lugar, ajudam o refugiado a dar entrada nos papéis na Polícia Federal, para a concessão do status e a permanência no país. Também oferecem assessoria jurídica e atendimento psicológico em português, inglês, francês e espanhol. A Cáritas disponibiliza uma casa de acolhida, com capacidade de hospedar até 13 pessoas, para aqueles que ainda não têm onde ficar, por, no máximo, três meses. Além disso, recebem doações de roupas, sapatos, brinquedos, e tudo é distribuído aos refugiados e suas famílias.

O curso de português é ministrado por professores voluntários, nem todos com formação em Letras. As turmas são divididas por níveis (básico e avançado) e por língua nativa dos refugiados. Há turmas para falantes de francês, de espanhol e de inglês. Em breve, vai começar uma turma para falantes de árabe. As aulas acontecem duas vezes por semana, terças e quintas-feiras, das 10h às 12h. A Cáritas fornece um dicionário de português e material em apostilas e exercícios, gratuitamente, para todos os alunos.

Beatriz Nascimento, do Setor de Informações Públicas da Cáritas-RJ/ACNUR, explica a condição de quem é assistido pela instituição. “Quando o status de refugiado é concedido a uma pessoa, o direito internacional proíbe que ela retorne ao país de onde fugiu. Só é considerada refugiada uma pessoa que precisa sair de seu país por fundado temor de perseguição por motivo de conflitos armados, raça, cor, sexo ou opinião política. Então, para proteger esse refugiado, o direito internacional determina que ele não pode ser devolvido para o lugar onde sofre perseguição. Um refugiado sírio não pode voltar para a Síria. Só quando o motivo que o levou a sair de lá não mais existir e ele manifeste vontade de voltar. Nesse caso, quando a guerra civil acabar e o país se estabilizar novamente.”

Recém-chegados têm planos para o Brasil

Mohammed Hamdy Nachawaty, de 22 anos, é graduado em serviços de hotelaria e morava em Damasco. Ele chegou ao Rio em dezembro de 2013 e sonha encontrar um bom emprego e voltar a estudar. “Eu queria ir para algum lugar onde pudesse trabalhar na minha área de formação na Síria. Quando percebi que precisava sair do meu país devido à guerra e às perseguições que sofri, procurei um lugar onde eu pudesse reconstruir minha vida com o meu trabalho, e descobri que o Brasil oferece muitas oportunidades nesse setor. Solicitei o visto na embaixada brasileira no Líbano (fugi da Síria para o Líbano) e consegui com muita rapidez.“

Nachawaty não pretende voltar para a Síria. “Talvez só para visitar. Ainda tenho parentes lá, mas espero que eles consigam vir para o Brasil o quanto antes. Meu objetivo é reconstruir a minha vida aqui. Quero voltar a ter paz.“ Ainda mais jovem que ele, Mohammed Shady Rahmeh, de 19 anos, também deixou Damasco pelo Rio ao apagar das luzes de 2013. Cozinheiro profissional, ele espera conseguir um emprego como cozinheiro em algum bar ou restaurante. “Gosto muito da comida brasileira, acho que ela se assemelha à culinária árabe.” Sobre a vinda para o país, Rahmeh conta que, apesar da falta de planejamento, a identificação é muito grande. “Não há uma razão específica para eu ter escolhido o Brasil. Eu precisava sair da Síria. Quando fui à embaixada brasileira no Líbano, fui recebido com muita educação, fui muito bem tratado. E o meu visto foi liberado rapidamente. Talvez, um dia, eu volte à Síria. Pretendo ficar no Brasil por muito tempo, e gostaria de me naturalizar brasileiro.”

 
Compartilhar pelo Facebook Compartilhar pelo Twitter Compartilhar pelo Whatsapp
MAIS DA SÉRIE
texto
Os indígenas e a construção do Rio de Janeiro

Os indígenas e a construção do Rio de Janeiro

22/10/2018

O carioca deve boa parcela de sua identidade aos Tupinambá e Temiminó.

Rio Multicultural - reportagens

texto
A presença polonesa no Rio de Janeiro

A presença polonesa no Rio de Janeiro

21/01/2015

Em um passeio pela Cidade Maravilhosa, é possível notar a presença e as marcas do país de Nicolau Copérnico, Frédéric Chopin e do Papa João Paulo II.

Rio Multicultural - reportagens

texto
O legado indígena na cidade e no povo carioca

O legado indígena na cidade e no povo carioca

11/08/2014

Você sabe por que a pessoa que nasce no Rio é chamada de carioca? Confira essa e outras incontáveis influências dos primeiros habitantes da cidade em nossa cultura.

Rio Multicultural - reportagens

texto
Chineses no Rio de Janeiro

Chineses no Rio de Janeiro

05/08/2014

A comunidade, presente na cidade desde a vinda da família real portuguesa, tem, hoje, mais de 10 mil imigrantes, que enriquecem a vida carioca com sua cultura milenar.

Rio Multicultural - reportagens

texto
A farta cultura árabe em terras cariocas

A farta cultura árabe em terras cariocas

22/07/2014

Comércio, indústria, construção civil, medicina e política são apenas algumas das áreas em que os sírio-libaneses têm deixado sua marca na vida da cidade.

Rio Multicultural - reportagens

texto
Africanos fazem parte da alma carioca

Africanos fazem parte da alma carioca

07/07/2014

O número de negros – escravos e livres – no Rio de Janeiro do século XIX era o maior entre as cidades das Américas. 

Rio Multicultural - reportagens

texto
Arigatô, Nippon!

Arigatô, Nippon!

24/06/2014

A cultura japonesa integra o dia a dia do cenário carioca, seja na arte, na gastronomia ou nos festejos da cidade.

Rio Multicultural - reportagens

texto
Britânicos hábitos cariocas

Britânicos hábitos cariocas

16/06/2014

Alguns pesquisadores afirmam que a primeira partida de futebol, no Brasil, foi promovida por um escocês que trabalhava em Bangu. Na verdade, os britânicos influenciaram uma série de costumes do Rio do Janeiro.

Rio Multicultural - reportagens

texto
Presença alemã nas esquinas e nos sabores do Rio

Presença alemã nas esquinas e nos sabores do Rio

10/06/2014

Agora é a Copa do Mundo que traz os alemães ao Brasil, mas essa viagem cruzando o oceano é de outros carnavais...

Rio Multicultural - reportagens

texto
Judeus no Rio de Janeiro, uma experiência plural

Judeus no Rio de Janeiro, uma experiência plural

27/05/2014

Com personalidades de destaque nos mais diversos ramos de atuação, imigrantes e seus descendentes vêm influenciando a vida carioca, do comércio à cultura, há gerações. 

Rio Multicultural - reportagens

texto
Espanhóis no Brasil: o início da luta por uma jornada de trabalho mais humana

Espanhóis no Brasil: o início da luta por uma jornada de trabalho mais humana

06/05/2014

Os "braceros", como eram chamados, foram responsáveis pelo início da organização da massa trabalhadora na cidade do Rio de Janeiro, na virada do século XIX para o XX. 

Rio Multicultural - reportagens

texto
Os imigrantes italianos e a Cidade Maravilhosa

Os imigrantes italianos e a Cidade Maravilhosa

15/04/2014

Segundo estudos, mesmo antes da segunda metade do século XIX já havia italianos no Rio de Janeiro, a serviço da corte portuguesa.

Rio Multicultural - reportagens

texto
França-Rio de Janeiro: uma ligação antiga

França-Rio de Janeiro: uma ligação antiga

01/04/2014

No início eram corsários; depois, vieram os artistas; por fim, profissionais especializados, com seus produtos chiques, ao gosto da elite brasileira. Resultado? O charme francês ainda vive entre nós.

Rio Multicultural - reportagens

texto
Rio, uma cidade portuguesa com certeza

Rio, uma cidade portuguesa com certeza

17/03/2014

Aqui, começa a série Rio Multicultural sobre os diversos povos que originaram o carioca do século XXI. Africanos, indígenas e imigrantes contribuíram para a identidade cultural da cidade, mas os portugueses têm papel privilegiado, pois, após o Grito da Independência, nenhum outro fluxo migratório para a cidade foi tão intenso quanto o deles.

Rio Multicultural - reportagens

texto
Hospedaria da Ilha das Flores: porta de entrada virou museu de imigrantes

Hospedaria da Ilha das Flores: porta de entrada virou museu de imigrantes

26/12/2013

O Rio de Janeiro é uma cidade multicultural. Na matéria inaugural da série sobre os imigrantes que deram origem à população carioca, conheça a primeira parada, na Ilha das Flores.

Rio Multicultural - reportagens