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Olimpíada de História atrai alunos e professores
20 Março 2017 | Por Larissa Altoé
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ONHB 2016

Desde 2009, a Universidade Estadual de Campinas – Unicamp, promove anualmente a Olimpíada Nacional em História do Brasil (ONHB) para alunos do Ensino Fundamental (8º e 9º anos ) e do Ensino Médio, cujo objetivo é estimular o estudo da disciplina e aprimorar a qualidade do ensino no país. As equipes devem ser formadas por três alunos e um professor de História da escola participante.

“O saber que se produz na universidade demora a chegar aos livros didáticos. Nós procuramos prestar esse serviço à sociedade – oferecer material de ponta para promover o pensamento crítico”, explica Cristina Meneguello, coordenadora do evento. Exemplo desse esforço é a diminuição da ênfase nos temas clássicos que, de acordo com os grandes ciclos econômicos, focalizam o Nordeste, no século XVI; Minas Gerais, no século XVIII; e o eixo Rio-São Paulo, no século XIX, ignorando o restante do país.

Nesse sentido, a Olimpíada propõe questões como a que perguntava sobre os campos de concentração no Ceará, na década de 1930, oferecendo documentos surpreendentes para embasar as respostas. Os alunos conheceram o destino dado pelas autoridades às populações que fugiam da seca e chegavam famintas e miseráveis a Fortaleza. Essas pessoas eram obrigadas a viver, compulsoriamente, em barracos, realizar trabalhos forçados e subsistir com farinha e água, situação mencionada no romance O Quinze, de Raquel de Queiróz.

“A Olimpíada estimula o aluno a ser um mini-historiador. Se não sabe a resposta, estuda os documentos disponíveis, aprende, depois responde. Propomos também tarefas, como entrevistar e fotografar profissões que estão desaparecendo, como costureira, sapateiro ou cidadãos que vivenciaram a repressão da ditadura de 1964, com seus discos arranhados pela censura ou sem o direito de se reunirem”, explica Meneguello.

 Origens

Cristina Meneguello conta que as olimpíadas científicas começaram a se popularizar na Europa no final do século XIX. Faziam parte de projetos nacionais de erradicação do analfabetismo e de formação de mão de obra mais capacitada. Ao longo do século XX, especialmente nas ciências exatas, esses programas evoluíram para nível internacional. Tornaram-se comum também nos países asiáticos e americanos, especialmente em âmbito nacional.

Em 2008, a proposta da ONHB foi apresentada e aprovada pela Associação Nacional dos Professores de História – Anpuh. O passo seguinte foi encaminhá-la ao edital de olimpíadas científicas do CNPq, no qual também foi contemplada. A primeira edição contou com a participação de 16 mil pessoas e atualmente são 46 mil.

Material inédito

Todo o acervo de documentos das edições anteriores está disponível no site do evento, mesmo para quem não participou do concurso, e constitui rico material de estudo. É só escolher uma das oito edições passadas e clicar em “documentos”. Encontra-se até mesmo produtos feito sob encomenda para a Olimpíada, como um mapa encomendado a um cartógrafo ilustrando a Questão Cisplatina ou mapas do Brasil Colônia, cujos direitos foram adquiridos da Holanda e da França.

Todos os estados participam da competição, mas a região Nordeste é a que tem maior número de inscritos nesses nove anos, sendo o Rio Grande do Norte recordista em equipes e medalhas. A participação do Rio de Janeiro ainda é ‘tímida’, nas palavras de Cristina Meneguello. Em 2016, cinco escolas do município competiram: Juan Antonio Samaranch (Santa Teresa, 1ª CRE), José Emygdio de Oliveira (Campinho, 5ª CRE), Presidente Médici (Bangu, 8ª CRE) e Visconde de Porto Seguro (Jardim Sulacap, 8ª CRE).

Claudia Paixão, professora de História da E.M. Juan Antonio Samaranch, conta que, ano passado, três equipes da unidade competiram sob sua supervisão, chegando até a segunda fase. Os alunos gostaram tanto da experiência que neste ano a escola está inscrevendo sete equipes. “Temos uma disciplina eletiva na qual faço simulados, usando as provas das edições passadas da ONHB”. Claudia fez também o curso de formação de professores oferecido pelo evento e participará novamente em 2017. “Eles trabalham assuntos específicos e mostram como podemos lidar com esses temas em sala de aula. É muito proveitoso”.

Curso de formação de professores

Paralelo à Olimpíada, mas distinto dela, o curso de formação de professores está em sua quarta edição. A atividade surgiu a partir da demanda dos próprios profissionais e já formou cerca de 3 mil participantes de todas as regiões do Brasil. Esse aprimoramento é aberto também para profissionais que não estejam participando da Olimpíada. A edição atual trata da “imagem em sala de aula”. Nos anos anteriores, os temas foram História dos Índios em Sala de Aula; Cinquenta Anos do Golpe e a Ditadura Civil-Militar; e Ensino da História da África.

Para completar o curso e receber o certificado, os professores apresentam um plano de aula sobre o tema proposto. Os 50 melhores ficam disponíveis no site para consulta de colegas e demais interessados – um cardápio cheio de ideias a serem usadas na sala de aula! Trata-se de oportunidade ímpar, pois a equipe da Unicamp prepara material inédito para o curso, como o que foi feito sobre a África Contemporânea.

Etapas

A final, em Campinas, tem sido dividida entre escolas públicas e privadas

A inscrição para a Olimpíada de História deste ano já começou e vai até 27 de março de 2017. É preciso pagar uma taxa de R$30 para equipes de escolas públicas. O prazo de inscrição se estende também de 28 de março a 28 de abril, mas a taxa sobe para R$45 para equipes de escolas públicas.

As provas são divididas em cinco fases on-line com duração de uma semana cada, todas realizadas por meio do site olimpiadadehistoria.com.br. São propostas questões de múltipla escolha e tarefas. A página da Olimpíada fornece documentos, textos, links e sugestões de leitura para auxiliar os estudantes, que também podem buscar outras fontes de informação. As respostas são obtidas por meio do debate com os colegas de equipe e da pesquisa em livros, internet e com os professores.

Há ainda uma final presencial no campus da Unicamp, em Campinas(SP) para os 1.200 melhores colocados nas 5 primeiras etapas. Em seguida, ocorre a premiação, com certificados para todos os participantes, indicando a fase a que chegaram, e também 15 medalhas de ouro, 25 de prata e 35 de bronze para as equipes mais bem pontuadas no total.

A comissão organizadora prevê ajuda de custo para a viagem a Campinas financiando, pelo menos, uma equipe de escola pública de cada região do Brasil com mais alta pontuação final nas cinco fases online. Cristina Meneguello relata que, para surpresa da equipe do evento, desde o início, a final conta com metade de equipes vindas de escolas públicas e a outra metade de instituições particulares. Entre as públicas, destacam-se os institutos federais, os colégios técnicos e militares. “O ensino público é melhor do que achamos que seja”, pondera a coordenadora.

Mais informações: olimpiadadehistoria.com.br 

Planos de aula do 3º curso de formação de professores: História do Índio na Sala de Aula

Planos de aula do 2º curso de formação de professores: 50 Anos do Golpe e a Ditadura Civil-Militar

Planos de aula do 1º curso de formação de professores: Ensino de História da África

 
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