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Francisco Palheta e o cafezinho do Brasil
28 Outubro 2014 | Por Márcia Pimentel
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PALHETA-CAFEZINHOSeja preto ou pingado, servido em xícara ou em copo, bebido no desjejum ou entre quaisquer refeições, o café é, definitivamente, uma das bebidas mais populares do Rio de Janeiro e do Brasil. Democrático, permeia todas as classes sociais e tem um grande significado histórico e cultural para o país. Afinal, foi o principal produto da pauta de exportação brasileira por um século (de 1840 a 1940), e, mesmo com a diversificação de nossa economia, continuamos sendo, até hoje, o maior produtor mundial do grão, segundo a Organização Internacional do Café.

A história da cultura cafeeira no Brasil – tão ligada à vinda de imigrantes italianos e à economia do Segundo Império e da República Velha – provavelmente teria sido muito diferente sem a intervenção do militar Francisco Palheta (1670-1750), que hoje dá nome a uma escola municipal da 5ª CRE, localizada em Bento Ribeiro. Nascido na província do Grão-Pará, ele conseguiu, de forma bastante curiosa e inusitada, mudas e sementes de café durante uma viagem oficial que fez à Guiana Francesa, para resolver uma questão de fronteira.

Em 1727, quando Palheta partiu para a missão diplomática, a bebida já era muito consumida na Europa. Suas características estimulantes tinham ganhado fama e criado uma grande demanda. O produto, no entanto, mantinha-se caro e escasso. Até o fim do século XVII, os holandeses eram os únicos europeus que tinham cafezais nas colônias das Américas (como o Suriname, por exemplo), o que lhes permitia controlar o mercado do produto. Por isso, trancaram “a sete chaves” as mudas do fruto e suas sementes.

PALHETA-recebendosementesApesar dos esforços holandeses, os colonizadores franceses da Guiana, vizinha do Suriname, conseguiram “abrir o cofre” no início do século XVIII. Em consequência, tornaram-se, também, grandes exportadores de café para a Europa. Portugueses e brasileiros almejavam, igualmente, as mudas da planta, e a oportunidade chegou quando Palheta recebeu a missão de restabelecer o Tratado de Utrecht, de 1713, que fixava o Rio Oiapoque como fronteira entre o Brasil e a colônia da França, que não estava respeitando o acordo internacional.

Em Caiena, capital da Guiana Francesa, o militar aproveitou as relações não muito boas entre o governador-geral Claude d’Orvilliers e sua esposa para receber dela, de forma clandestina, mudas e sementes de café. Resultado: iniciou, em 1728, uma plantação no Pará, e, em 1734, uma Carta Régia lhe concedeu 100 casais de escravos e 50 índios para a expansão do cultivo.

Desde então, a cultura do café prosperou no Brasil. Em 1730, já tinha chegado ao Maranhão. Em 1747, começou a ser plantado no Ceará. Em 1770, na Bahia e no Rio de Janeiro, de onde se espalhou para Minas Gerais e Espírito Santo. Em 1790, chegou a São Paulo, estado que passou a liderar a produção cafeeira a partir da segunda metade do século XIX, quando a exaustão das terras do Vale do Paraíba resultou na decadência do cultivo na região fluminense.


PALHETA-CAFEPROCOPE3-SECXVIII 1Um desbravador

Antes da missão em Caiena, Francisco Palheta já havia comandado uma expedição ao Rio Madeira e atingido a aldeia de Santa Cruz de Cajajuvas, no Peru. O relato dessa viagem foi feito por um dos primeiros grandes historiadores brasileiros, conhecido por sua visão crítica e pelo rigor com que lidava com as fontes históricas: o cearense Capistrano de Abreu (1853-1927). Desde então, Palheta tem sido considerado um dos grandes bandeirantes da Amazônia. Suas incursões pela floresta virgem e não colonizada possibilitaram a expansão das fronteiras brasileiras na região Norte do país.

 
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